quarta-feira, 21 de julho de 2010

O SISTEMA ADMINISTRATIVO NO TERCEIRO SETOR

Marília Leonarda Cavalcante Gomes
Administradora pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA



RESUMO

A administração é em si é essencial para todo e qualquer sistema empresarial, institucional ou organizacional. O artigo presente vem propor algumas diferenças no sistema administrativo do terceiro setor comparado aos demais setores.

Palavras-Chaves: Administração, terceiro setor

ADMINISTRAÇÃO DO TERCEIRO SETOR

A administração institucional no terceiro setor não difere muito da administração das organizações do Primeiro ou Segundo Setores, há algumas diferenças circunstanciais próprias do Setor.

Para Andres Pablo Falconer, no artigo "A Promessa do Terceiro Setor" onde ele cita O’Neill, que especifica oito distinções entre a administração do terceiro setor e os demais setores diante das teorias de administração moderna. São:

Propósito/Missão: Obter recurso financeiro, para organizações sem fins lucrativos, é subsidiário ao propósito de prover algum bem ou serviço; enquanto para as empresas privadas, a provisão de produtos ou serviços tem por objetivo gerar dinheiro, ser lucrável.

Valores: Todas as organizações têm valores próprios, mas é no terceiro setor que esses valores são os propósitos centrais.

Aquisição de recursos: Organizações do terceiro setor recebem dinheiro das mais variadas fontes: vendas de serviços, doações de indivíduos, “grants” de fundações, empresas e governo, resultados de investimentos patrimoniais etc. A aquisição de recursos no terceiro setor é, portanto, uma tarefa altamente complexa e demandante de uma variedade de técnicas e conhecimento, enquanto que as empresas normalmente obtêm recursos através da venda de produtos e serviços e os órgãos governamentais obtêm a maior parcela de seus recursos através de impostos.

Botton line (resultados): No terceiro setor não há a mesma clareza existente no mercado quanto ao que representa um bom resultado e quais são os melhores indicadores de eficiência e eficácia.

Ambiente legal: A legislação que incide sobre o terceiro setor difere significativamente das leis dos outros setores, particularmente no que diz respeito à aplicação dos recursos e à tributação.

Perfil do trabalhador: No terceiro setor, uma parcela do trabalho é realizada por voluntários não remunerados. O tipo de atividade realizada, o nível de qualificação dos trabalhadores e a forma de remuneração diferem no terceiro setor da realidade do Mercado e do Estado.

Governança: A estrutura de poder e tomada de decisão no terceiro setor atribui um papel importante ao conselho da entidade, formado por voluntários que não devem se beneficiar dos resultados da organização. A relação entre o conselho e o corpo profissional tende a ser mais próxima do que ocorre no Estado e no Mercado.

Complexidade Organizacional: O’Neill argumenta que uma “nonprofit” é tipicamente mais complexa do que uma organização empresarial, no tipo e variedade de serviços prestados, na relação com múltiplos públicos, na dependência de fontes de recursos e outras dimensões

Fonte: Adaptado de Sampaio (p. 3)


As características apresentadas nesse quadro mostra que as funções de administração no terceiro setor não são diferentes das de qualquer outro setor, mostra apenas que o modo de interpretação, o foco, o perfil são alterados para os valores do terceiro setor. É incorporado também a esse setor sistemas administrativos comuns as outras empresas como o setor financeiro, de RH, de Marketing, de Planejamento, e os específicos do terceiro setor, que é o setor de captação de recurso, fonte essesncial de sustentabilidade do terceiro setor.

Warren MacFarlan, destaca cinco variáveis e as diferenças principais do terceiro setor e dos demais.

SETOR PRIVADO

MISSÃO:Crescer a capitalização de mercado através de produtos e serviços
INDICADORES: Performance financeira
LIDERANÇA:O Diretor Executivo é o chefe único
COMPOSIÇÃO DO CONSELHO: Pequeno, Comitês executivos relativamente limitado em áreas, Comitês eleitos são relativamente inativos, Não tem comitês operacionais
MEMBROS DO CONSELHO: Perfil previsível, normalmente profissionais senior, Regra previsíveis, Horas previsíveis, Longa permanência, Altos salários

SEM FIM LUCRATIVO

MISSÃO: Oferecer serviços a constituintes chaves
INDICADORES: Performance financeira balanceada com outros indicadores
LIDERANÇA: O Diretor Executivo se reporta ao conselho
COMPOSIÇÃO DO CONSELHO: Grandes, Comitês executivos são vitais mas podem ficar fora de controle, Constantes eleições de comitês de trabalho, Necessidade de comitês operacionais
MEMBROS DO CONSELHO: Perfil diverso, normalmente incorporação de doadores potenciais, Regras diversas, Horas antisociais, Alto turnover, Expectativa de doação

CONCLUSÃO

Fica claro que as diferenças administrativas existentes entre o terceiro setor e os demais são a mudança de foco e valores. Os processos e sitemas são os mesmos, mas com a essencia alterada para o foco de cada setor.

BIBLIOGRAFIA

Sampaio, José A. Z., Organizações do Terceiro Setor: sua estrutura e funções sistêmicas
Falconer, Andres Pablo, A Promessa do Terceiro Setor, Rets, Revista do terceiro setor, www.rits.org.br/rets/ediçoes , Ano 2, no. 96, 31- 07- 2000
McFarlan, F. Warren, Working on Nonprofit Boards: Don’t Assume the Shoe Fits, Harvard Business Review, November – december 1999